“ ZÉ DO PITO, A LENDA “

 

Se você perguntar em Adamantina quem foi José Faustino, com certeza ninguém lembrará. Mas se você perguntar por “Zé do Pito”, dificilmente alguém não lembrará, por tê-lo conhecido ou por ter ouvido falar da sua fama.

Mas, quem foi Zé do Pito?

Foi um personagem que habitou em nossa cidade nos anos 40/50/60 , vindo de Bilac, região de Birigui. Sua mãe era lavadeira e morava na antiga Vila Nhu Porã.

Segundo apurado, por uns tempos fazia “bicos” carpindo terrenos junto com seu irmão Antonio, até se tornar um andarilho urbano e adquirindo as características que o tornaram personagem folclórico na cidade, com seu chapéu, saco nas costas ( que ninguém sabia o que tinha dentro ), sua barba sempre por fazer, cara de mau e seu inseparável cachimbo, feito e dado de presente pelo pai do Helio Delgado, adaptado a partir de uma cruzeta de cardam.

Seu ponto de referência era a antiga rodoviária, porém perambulava por toda a cidade sempre pedindo um café nas casas. Quando era bem sucedido, saia cantarolando ...” Muié vai fazê pasteisi / Muié vai fazê pasteisi / Qui é pra nóis cumê pasteisi”...

Embora fosse uma pessoa inofensiva, a cara de mau e a aparência amedrontadora ganhou fama. E as mães da época potencializaram essa fama, ameaçando e chantageando os filhos desobedientes. Era só falar ...”se não for tomar banho o Zé do Pito vem te buscar” ,  vapt-vupt a criança para o banheiro...”Se não fizer a lição rápido o Zé do Pito vem aqui “...pra que, era rapidinho que a lição era feita. Criançada tremia na base e entrava na linha só de ouvir a palavra Zé do Pito.

Seria exagero dizer que, embora de forma claramente inconsciente, Zé do Pito ajudou indiretamente muitas crianças arruaceiras entrarem na linha e melhorarem nos estudos? Com a palavra os especialistas em educação da época...e os amantes dos personagens folclóricos...

Adamantina sempre foi pródiga em lendas, desde as fictícias “loira do banheiro “ e a “loira do asfalto” , até os personagens reais como “Estrimilique”, “Vardomiro”, “Expressinho”, “Tominaga”, “Ernesto Ferreira, o Tocha” , “Lalanja Pela”, “Maria do Pito”, etc. Mas com certeza, nenhum deles foi tão marcante na história da cidade quanto Zé do Pito. A maior prova é que estamos falando dele após mais de 60 anos. É provável que daqui a mais 60 anos, os adamantinenses ainda estarão lembrando dele.

Zé do Pito saiu da vida dos adamantinenses como entrou, sem alarde e sem ninguém perceber. Ninguém jamais saberá qual foi seu final mas, com certeza, ele estará sempre na nossa memória. Nenhuma história a ser contada desta cidade será completa se não tiver ao menos uma passagem dedicada ao “Zé do Pito”, pelo simples motivo de que as lendas...nunca morrem.

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Autor: Néio Souza Bom Junior