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O Goleiro Luizão e a Cobra Cascavel

No futebol de Adamantina nos anos 50,60,70, Luizão fez de tudo. Foi goleiro, zagueiro central, massagista, bilheteiro do campo, bandeirinha e juiz. Com quase dois metros de altura e porte de lutador de luta livre, impunha respeito nas atividades  esportivas.

Num jogo no estádio ele era o juiz e num determinado momento, descontente com uma marcação de falta, um torcedor revoltado soltou um grito estridente ouvido até fora do estádio...“ Juiz FDP”... Luizão ouviu, parou o jogo e foi até a lateral do campo , estufou o peito e sentenciou do alto dos seus dois metros :

   - Quem foi o covarde que xingou minha mãe ?  Poderia se identificar antes de eu pular o alambrado ?

Silêncio total. O jogo teve reinicio sem mais contestações.

Mas apesar da sua estatura e cara de fera, a principal característica de Luizão era o bom humor.Era um contador de causos e piadas, um gozador de primeira, nunca perdia oportunidade de aprontar com alguém.

Um dia um time de várzea de Adamantina convidou Luizão para ser o goleiro numa partida que tinha sido marcada na Fazenda Arapongas. Apesar da estatura, o fraco de Luizão como goleiro eram as bolas rasteiras, sempre traiçoeiras. E no jogo saiu uma falta contra ele. O centroavante chutou rasteiro, a bola passou forte pela barreira em direção ao canto e Luizão pulou para fazer a defesa.

 

A bola passou por baixo da barriga e foi entrando, num dos maiores frangos da história. Seria um grande vexame , se o goleiro não fosse o....Luizão....

Assim que percebeu a falha vergonhosa, levantou-se rapidamente e saiu gritando “a cobra”...”a cobra”...”a cobra”....E fez os demais vinte e um jogadores , juiz , bandeirinhas e parte da torcida procurarem a bendita cobra. Claro que não acharam cobra alguma.....

No entanto, o juiz mandou repetir a cobrança de falta e o centroavante chutou por cima da trave.

Esse era o Luizão, um dos maiores incentivadores dos esportes de Adamantina, grande pessoa, figura carismática e divertida que faz muita falta para todos nós.

Autor: Néio de Souza Bom júnior

Crônica gentilmente cedida pelo mesmo. 

07/10/2021

Edson Preto, O Bailarino Do Futebol

Quem o conheceu vai se lembrar de sua figura folclórica, carismática e divertida. Uma das figuras mais carismáticas e conhecidas do futebol de várzea de Adamantina nos anos 60 era o Edson Preto.

Rápido, forte, misturava samba com futebol e jogava bailando. Seu gingado com a bola era tão insinuante que o adversário não sabia para que lado ele sairia.

Mas o problema é que nem ele mesmo sabia e, via de regra, saia pela linha de fundo com bola e tudo. Era um caso raro de um jogador driblar a si mesmo.

Mas muitas vezes fazia jogadas inesperadas e geniais que encantava a todos. O palco preferido dele era o campo do Nissei, atrás da caixa d'agua, local de grandes jogos naquela época, mas que não tinha um centímetro de grama, era tomado por buracos, guanxuma e carrapicho.

Os pés de mamona faziam as vezes de vestiários dos atletas nas laterais do campo. Mas não podia misturar os times para não sair confusão antes mesmo do jogo começar. Um time se trocava nas mamonas da direita e outros nas mamonas da esquerda do campo.

Qual mesa de sinuca pensa e totalmente desajustada, o campo tinha um desnível considerável. Se colocasse a bola no meio de campo sem ninguém mexer ela começava correr sozinha.

Para começar o jogo, o capitão ganhava na moeda, escolhia o lado, estufava o peito e avisava o goleiro..." no primeiro tempo nóis vai chutá pra baxo ".

Aos domingos, Edson Preto desfilava seu gingado nesse palco. Um detalhe: ele jogava descalço e todos os demais jogadores de chuteiras.Mas para ele não era um problema já que tinha o costume de andar descalço e naturalmente criou "anticorpos" de proteção na sola dos pés (...em outras palavras, uma sola extra natural ...).

Reza a lenda, que num dos jogos ocorreu uma fortíssima dividida dele com um adversário, frente a frente, sola com sola. O resultado foi que a chuteira do adversário perdeu todos os cravos.

Se é fato ou mito folclórico nunca saberemos, mas que Edson Preto ficou na história do Nissei é fato. E deixou saudades porque era uma pessoa espetacular, alegre, divertida e de bem com a vida, muito querido por todos.

E o campo do Nissei nunca mais foi o mesmo depois que Edson Preto encerrou a gloriosa carreira.

 

Autor: Néio Souza Bom Junior.

Crônica gentilmente cedida pelo mesmo.

07/10/2021

 " Meu Anjo "

Vem meu anjo e me frita um bolinho

Passa a mão no meu rosto , me faz um carinho

Pois só mesmo a ternura que vem da sua mão

Alivia essa angustia do meu coração

 

Vem meu anjo e costura pra mim

Uma camisa bonita, azul de cetim

Ajeita o cabelo e coloca o avental

Me faça bolo, pamonha e curau

 

Vem meu anjo e me guarda em seu ventre

Eu quero a alegria de ouvir novamente

O som tão gostoso daquela canção

Que vinha das batidas do seu coração

 

Vem meu anjo , me sussurre o segredo

De andar pela vida , feliz e sem medo

Me olhe nos olhos e ensina pra mim

Como devo lidar com a saudade sem fim

 

Não se aflija meu anjo , se tenho que ir

O preço da volta é o eterno partir

Repouse em meu rosto seu beijo sereno

E quando eu virar a esquina, me faça um aceno

 

Vem meu anjo e me abrace bem forte

Nosso amor é imenso, maior que sua morte

Transcende essa vida, o céu e o infinito

E será para sempre o amor mais bonito

 

Desculpe meu anjo, eu queria falar

Tanta coisa bonita, mas me ponho a chorar

Minha voz fica presa , me deixa tão mudo

Que só sei repetir...Obrigado por tudo !!!

 

Vá meu anjo e diga pra Deus

Que agradeço o presente por ter sido um dos seus

E eu sei que os teus olhos , azuis como o mar

Estarão junto à ele, todo dia a me olhar...

 

Em homenagem a minha mãe Palmira

Autor :Néio Souza Bom

 " Adamantina , amor eterno "

Quando eu aí vivia

Não dava valor a você

E nunca pensei que um dia

Fosse chorar de alegria

Ao retornar novamente

E o que normalmente
 

Não tinha antes notado

Parecia mais bonito, mudado

Emocionado fui andando

E a cada passo recordando
 

Aqueles tempos antigos

Dos bons velhos amigos

Que ajudaram a escrever

O que não consigo esquecer
 

São histórias que no fundo

Compõe a argamassa do meu mundo
 

Adamantina, Adamantina...

Minha volta, meu vício, minha vida

Tinhas tanta coisa escondida

Que os olhos não viam

E o coração não sentia...
 

Adamantina, Adamantina...

Levado pela circunstância

Entre nós se meteu a distância

Mas por força do pensamento

Tenho você a todo momento
 

E o tempo que leva os anos

E os anos que marcam a gente

Não levarão os meus planos

De voltar sempre contente
 

Adamantina, Adamantina...

Quero sentir a alegria de voltar

Se for vergonha homem chorar

Pode ser que fique mal

Que assim seja...e ponto final...
 

Autor : Néio Souza Bom

Oceano de cimento

Imensidão de prédios

Milhões de carros

Pessoas com pressa

Infinito de luzes

Alegrias superficiais

Espaços pequenos

Nuvens escuras

Amontoado de coisas

Vidas escravas

Crianças presas

Explosões contidas

Sentimentos represados

Olhos tristonhos

Ilusões frustradas

Aventuras findas

Dinheiro adiantado

Ambições no ar

Mapa da mina

Terra prometida

Desilusões sentidas

Cidade caipira

Caipira de vida

Progresso sem alma

Selva de pedra

Capital de lágrimas

Potência de dor

Inferno...com nome de santo

Autor : Néio Souza Bom

 " Selva de Pedra "
 " Bate & Volta "

Roupas na mala

Sorriso nos lábios

Coração saltitante

Luz apagada

Chave na porta

Abandono de vida

Estação rodoviária

Embarque de gente

Metrópole para trás

Viagem sem fim

Momentos de reflexão

Desfile na mente

Passado...só passado !!!

Manhã de sol

Rostos conhecidos

Clima de interior

Parentes saudosos

Amigos antigos

Tempos lembrados

Saudades sentidas

Gente simples

Vida simples

Jogo de futebol

Cerveja gelada

Cine Santo Antonio

Estádio e Jardim

Momentos de reflexão

Desfile na mente

Presente...só presente !!!

 

Relógio carrasco

Hora chegada

Aperto de mãos

Lágrimas escondidas

Nó na garganta

Embarque de gente

Sonho acabado

Paraíso para trás

Viagem sem fim

Momentos de reflexão

Futuro...só futuro !!

Autor : Néio Souza Bom

 " Dona Mé "

Tudo é muito saboroso

Na casa da Dona Mé

Ela faz tudo gostoso

Desde a hora do café

Ela faz um macarrão

Com tempero especial

Sem falar do salpicão

Que nunca comi igual

Outro prato genial

Que provei e virei fã

Só cebola, alho, sal

E abobrinha cabotiã

Aquela torta de nozes

Ninguém nunca fez igual

Eu tentei por várias vezes

Mas eu sempre me dei mal

E a chuleta que ela fez

Mais molinha que filé

Eu comi mais de uma vez

Na casa da Dona Mé

Mas a gente gosta dela

Não é por comida boa

Ela tem a alma bela

É um doce de pessoa

No domingo é uma alegria

Se meu telefone chama

Ela põe fofoca em dia

E no fim diz que me ama

Ela te recebe bem

Só não pode no domingo

Nesse dia ela tem

Compromisso lá no bingo

O talento que ela tem

É só dela e ninguém tira

Ela sabe que ele vem

De uma tal dona Palmira

Autor : Néio Souza Bom

Homenagem a minha irmã  Mércia Souza Drago

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